A descoberta das sensações corporais na infância

Por Adelaide Rezende de Souza

Quando a criançada começa a perguntar coisas como: O que é sexo? Da onde eu vim? Para que serve a camisinha? Por que meu corpo é diferente do seu? Como se faz um bebê? Os pais, em geral, são pegos de surpresa e buscam uma saída para essas situações. Só que, na maioria das vezes, as soluções encontradas não são as mais corretas, como, por exemplo, inventar a história da cegonha que trouxe o bebê ou da sementinha que a mamãe comeu. Mas, ao contrário do que o senso comum acredita, o assunto “sexo” não precisa ser tabu e pode ser tratado com naturalidade. É importante para a formação dos filhos, que os pais respeitem a curiosidade sobre o tema.




            Meninos e Meninas começam a pesquisar seus próprios corpos desde cedo e essa busca deveria ser tratada com mais naturalidade, contudo nossa sociedade ainda apresenta muitos mitos e tabus em relação a esse tema.
            A medida que vão surgindo comportamentos que indicam o desenvolvimento da sexualidade infantil muitas dúvidas e receios aparecem nos pais. Afinal o mais importante é saber o que é normal e o que representa um sinal de alarme. Um aspecto fundamental e que deve ser esclarecido pelos adultos para as crianças é estabelecer uma clara fronteira entre o que é íntimo e privado e o que é partilhado e público.
            A normalidade da masturbação na infância, por exemplo, ainda é muito difícil de ser aceita como algo saudável, o medo dos adultos geralmente é associado ao pavor do vício que poderá por alguma razão tornar o comportamento obsessivo e o toque passar a acontecer em qualquer local. Esse medo aumenta principalmente quando o comportamento masturbatório não se reduz com a passagem dos meses, aumentando assim a preocupação dos pais, que na maioria das vezes não sabem o que fazer.
            Vale destacar aqui que a masturbação é um comportamento normal e deve ser encarado como tal. Quando associado a um comportamento malévolo, as crianças podem achar que é algo feio ou sujo, mesmo assim podem não deixar de fazê-lo, mas passar a fazer escondido, aliás, eis ai a prova de que as crianças não têm nenhum sentimento “impróprio”, quando se masturbam, muitas vezes o fazem na frente das pessoas.
            Os pais devem procurar respeitar e evitar juízos de valor, pois quanto menos ênfase se der ao assunto, mais depressa esta fase passará. Pelo contrário, se fizerem um bicho de sete cabeças, pode até ser que a criança deixe de se masturbar, mas pode influenciar negativamente no seu percurso normal da sexualidade.
            O que deve estar claro é que remeter a sexualidade infantil e respectivos comportamentos para o domínio da vergonha pode trazer consequências indesejáveis. No entanto, é fundamental acompanhar e orientar essas descobertas, portanto, é bom passar a mensagem de que há comportamentos que requerem intimidade e privacidade.
            O melhor caminho muitas vezes é através de uma ou mais conversas a sós, após um curto período entre o episódio ocorrido, explicar a criança que os órgãos genitais são sensíveis e que esfregá-los pode causar dor ou lesão, e que assim como não se anda nú na rua ou até na praia, também a manipulação dos órgãos genitais deve ser um assunto íntimo e que não deve ter lugar na frente das outras pessoas.
            A maioria de nós não teve nenhum tipo de orientação sexual na infância, nem na escola ou na família, por isso é importante não se sentir culpado em relação a não saber o que fazer, pois apesar de inúmeras pesquisas evidenciarem que em países em que a educação sexual é encarada como assunto sério nas escolas, em nossa sociedade ela ainda é considerada como um tabu.
            É importante sempre estar aberto para um diálogo esclarecedor e sem punições, pois se a criança não acha espaço para encontrar as informações de que precisa, ela começa a buscar em outras fontes, e esse aspecto não é desejável. É fundamental que uma criança sinta-se segura em relação aos laços familiares.
            Outro ponto importante sobre esse tema é quanto a questão de gênero, pois muitos pais associam a escolha sexual da criança, a sua preferência em relação a brinquedos e brincadeiras associados tradicionalmente ao gênero oposto. Rodrigues (2003) destacou que:

As crianças que apresentam nas suas brincadeiras condutas típicas do sexo oposto são motivos de preocupação por parte dos adultos e a ideia de que elas se tornarão indivíduos com escolhas sexuais diferenciadas, põe em causa os conceitos estabelecidos pela sociedade. De fato, quando isto acontece, torna-se importante descortinar se estes comportamentos são apenas exploratórios e passageiros, ou se refletem problemas relacionados com o desenvolvimento da identidade de gênero da criança.
           
            Mais uma vez é fundamental que os adultos mantenha a calma e o diálogo, pois a tensão e a repressão poderá causar o afastamento dos filhos, pelo medo e provocar baixa autoestima nas crianças, e paradoxalmente a escolha sexual está relacionada ao afeto e a identidade com o adulto através de uma relação baseada no amor.
            É importante não projetar expectativas futuristas e viver uma relação presente com compreensão e, é bom que os pais reflitam sobre o que é realmente bom para o filho e o que deve ser deixado de lado.
            Finalmente, é válido destacar que a repressão nunca é a melhor maneira de educar, a proibição pode inclusive, estimular a criança a ir de encontro com o que foi dito pelos pais como indesejado. O contato com o próprio corpo faz parte da descoberta infantil e do aprendizado. É importante que a criança, que deseja, tenha essa experiência de conhecer a si mesma.

REFERENCIAS

BASILIO, Andressa. Conversa de sexo com as crianças não precisa ser careta ou repressiva. Disponível em:  (http://www.minhavida.com.br/familia/materias/12155-conversa-de-sexo-com-as-criancas-nao-precisa-ser-careta-ou-repressiva). Acesso em: 23 de julho de 2014.

RODRIGUES, Paula. Questões de Gênero na Infância: Marcas de Identidade. São Paulo: Piaget, 2003


Divergência entre os pais na educação dos filhos

Por: Adelaide Rezende de Souza


A tarefa de educar os filhos é marcada principalmente, por duas grandes características,  pela sua complexidade e duração no tempo, pois mesmo depois de adultos, os filhos continuam pensados por seus pais como alguém que os preocupa em algum aspecto. 
O processo de educar é longo e quando compartilhado enfrenta o grande desafio da busca do equilíbrio e da harmonia, principalmente diante das discordâncias. 
Ao iniciar esse texto fiquei brincando de pesquisar as origens de  algumas palavras que tivessem relação com essa temática, tais como: educação, filhos, casal, casamento... E o interessante é que ao encontrar a origem etimológica da palavra casamento, fiz algumas relações que ajudam em algumas reflexões, pois como é possível perceber: “casamento” vem do L. CASAMENTUM, “terreno com uma habitação instalada”, que é o primeiro passo para se poder ter uma relação boa no casal, evitando confusão com as famílias .http://origemdapalavra.com.br/site/palavras/casamento/>

Chamou-me a atenção a palavra “instalada”, fiquei associando esse termo ao que já está “instalado” em cada um como indivíduo ao casar; suas percepções, histórias familiares, valores, tradições. Tudo isso são aspectos que nos constituem e carregamos para as nossas relações. No trecho a palavra aparece associada a habitação, e como condição necessária, imprescindível. No casamento acho que também é assim.
Penso que as características individuais, já instaladas, e bem instaladas, são fundamentais para o matrimônio, pois ao reconhecermos as diferenças e aprendermos a respeitá-las, nos resta a flexibilidade e o respeito diante das divergências que são muito comuns em virtude das idiossincrasias de cada um. 
Por um lado é necessário que uma criança perceba que mesmo pensando diferente, seus pais são capazes de viver juntos e em harmonia, quando não concordam.
Diante de situações em que os dois integrantes do casal acreditam piamente que seu modelo de criação é o mais adequado e deve ser seguido, dependendo da forma como lidam com essas desavenças, a criança pode ser beneficiada ou prejudicada em seu desenvolvimento. Como ressalta Gailewitch: 
A divergência entre pai e mãe pode ser altamente positiva. Para a criança, é saudável perceber que as pessoas às quais mais ama no mundo possuem pontos de vista distintos – e ainda assim continuam morando juntas. É de supor que ela também possa ter o direito de discordar, o que é fabuloso para a construção da individualidade. (http://veja.abril.com.br/090200/p_118.html).


A partir da abordagem da autora, é possível destacar que os conflitos são inevitáveis e podem ser bem vindos, a questão é a forma como lidamos com as diferenças. O respeito é fundamental, e conseguimos respeitar o outro quando mantemos o controle emocional e percebemos que a diferença não nos ameaça, e inclusive pode ampliar o ponto de vista.
Quando os pais não se dão bem, é fácil fazer comentários negativos sobre o outro na frente do filho, esse comportamento acaba refletindo em uma auto-estima baixa da criança e sentimentos de impotência. Situações de brigas do casal ocorrendo com bastante frequência, causam estresse e dificuldades de relacionamento na criança, além de vir a desenvolver um sentimento de culpa pela discórdia familiar. 
A capacidade de respeitar os argumentos do outro, mesmo sem concordar, será uma bela lição para a criança perceber que poderá se expressar no futuro, com segurança e também fazer suas próprias escolhas, em situações em que a sua opinião venha a divergir dos demais.
Muitas vezes a rotina de cuidados de uma criança é exaustiva, pois envolve cuidados alimentares, higiênicos, escolares, e muitas vezes essas ações ficam sob a responsabilidade da mãe, sendo fonte de grandes conflitos. Nesse aspecto o casal precisa ter clareza de que a criação do filho não pode ser pretexto para as tradicionais desavenças entre marido e mulher. A divisão de papeis deve ser bem construída e respeitada por ambos.
Educar envolve vários aspectos: formação religiosa, escolarização, cuidados médicos, físicos e emocionais. A melhor maneira dos pais ajudarem seus filhos é tentar fazer adaptações positivas, tentar se dar bem, serem civilizados na presença da criança e evitar se criticar com frequência. 
É importante lembrar que as crianças por serem egocêntricas e acreditarem que tudo acontece por elas e para elas, podem sentir que são responsáveis pela briga dos pais. E carregar uma culpa que irá atrapalhar seu desenvolvimento e que não pertence a elas. 
Outro aspecto importante é que as crianças muitas vezes imitam as atitudes das pessoas que as rodeiam, as que presenciam muitos conflitos e discussões, possuem mais probabilidade de tornarem-se fisicamente agressivas.
Portanto, é importante lembrar que o medo ou a raiva ao ser criticado pelo seu par não deve atrapalhar o diálogo constante e o desejo de fazer o melhor possível para oferecer uma boa educação ao seu filho. É fundamental o respeito e a aceitação das diferenças.

REFERÊNCIAS
Meus pais não se entendem. De Gailewitch, Monica.  Em:  (http://veja.abril.com.br/090200/p_118.html). acesso em: 25 de junho de 2014.
Wikipédia, a enciclopédia livre. Em: acesso em: 25 de junho de 2014.

Meu irmãozinho acabou de nascer! E agora o que vou fazer?


Por Adelaide Rezende de Souza

“Voltou para a mamadeira, não aceita mais nada. Diz a médica pra gente ter paciência, que não é manha. Mas às vezes fico tão enlouquecida que minha maior vontade é de dar uns tapas nele."


O ciúme quando nasce o irmãozinho é o sentimento mais natural do mundo. Com muito jeito, paciência e algumas estratégias é possível superar essa fase e continuar oferecendo segurança e a certeza de seu amor pela criança.
Nos primeiros anos quando pequenos, os filhos geralmente, demonstram comportamentos vulneráveis e dependentes. Eles aprendem a depender dos adultos que os rodeiam e nos primeiros anos concentram-se em maneiras de fazer com que os adultos satisfaçam suas necessidades. Miller (2008) destacou algumas características importantes do pensamento egocêntrico infantil:

As crianças pequenas são egocêntricas. O termo “egocentrismo” não tem a mesma conotação negativa que possui quando se aplica aos adultos, dignificando que a pessoa é egoísta e não tem consideração. Com as crianças pequenas, o egocentrismo é natural e compreensível. Quando chegam ao mundo, elas apenas conhecem suas sensações corporais. Seu mundo se amplia gradualmente para abranger o mundo das pessoas que cuidam delas. Os pequenos ainda não tiveram tempo vivendo no planeta para considerar que outras pessoas possam ter sentimentos independentes dos seus. P. 305.

Portanto, uma vez compreendido os aspectos acima, é possível compreender como o nascimento do irmão menor é fonte de ameaça e insegurança, pois a necessidade de ter as atenções todas voltadas para si é fundamental para elas e torna-se imprescindível, nesse momento.
É importante lembrar que as crianças precisam expressar seus sentimentos, suas frustrações e seus temores, contudo, é mais provável que usem ações em vez de palavras para se expressarem. Pois, ainda não dominam totalmente a linguagem oral.
Portanto, será bem comum apresentarem comportamentos que possam significar retrocessos em relação aos comportamentos já conquistados, tais como: vontade de voltar a usar fralda, chupeta, dormir com os pais entre outros.
O olhar sensível e carinhoso de um adulto confiável pode ter um impacto muito positivo na maneira como as crianças lidam com seus problemas, e talvez essa orientação, seja um dos aspectos mais difíceis para um adulto que normalmente ficará irritado com as variadas manifestações de birra que a criança poderá fazer.
Vale ressaltar, que a expectativa inicial do filho mais velho é que viria mais uma criança que seria a companheira do brincar, porém aparece aquele “pequeno ser” que ainda não interage de forma competente para se fazer presente para o irmão maior, frustrando assim suas esperanças de nova companhia.
E além da incompetência para brincar, ainda por cima rouba a atenção da mãe que precisa cuidar quase que o tempo inteiro dessa nova criatura, que já chega ocupando um grande lugar jamais previsto pelo irmão maior.
É essencial que haja sensibilidade e flexibilidade dos adultos, os elogios aos comportamentos adequados, ajudarão na auto-estima da criança, aumentando a segurança e a certeza de que é amada. A partir  de bons exemplos as crianças aprendem bondade, empatia, entendimento e ampliam o vocabulário sobre sentimentos.
Tenha cuidado para não rotular e nem culpar a criança, aumentando assim sua insegurança e mal estar. Lembre-se que as crianças nessa  fase não elaboram previamente suas ações no sentido de fazer planos maldosos e armadilhas, elas apenas agem e reagem. A interferência positiva dos adultos fará a grande diferença, pois elas ainda são maleáveis e abertas.
É possível que haja momentos verdadeiramente difíceis e que os adultos sintam-se sobrecarregados, podendo ser um dos fatores que causam esgotamento. Caso isso aconteça tente conversar com outras pessoas mais próximas, ou pedir apoio a escola, quando diversas pessoas olham juntas, podem refletir e talvez produzir mais ideias e estratégias.
Apesar disso, é importante reconhecer que os pais conhecem seus filhos melhor do que qualquer um. São os especialistas naquela criança especifica, portanto, esse pode parecer um momento difícil, mas é passageiro, e poderá apresentar soluções mais rápidas caso os pais empenhem-se em buscar soluções inteligentes e menos emotivas, no calor dos sentimentos nem sempre surgem as melhores soluções. Quando descobrir um método específico para identificar e analisar o problema e trabalhar sistematicamente para resolvê-lo, a sobrecarga diminui.
Nesse momento é necessário dizer para si mesmo “isso é o melhor que posso fazer”, e você tem a certeza que está fazendo uma tentativa sincera de ajudar a criança, por amor e vontade de que ela fique bem.
Tente observar quais são os precedentes que costumam levar a criança a perder o controle, como é a dinâmica familiar, procure explicações para o comportamento dela, tentando se colocar no seu lugar. Então com calma e respeito, ajude a criança a sentir a satisfação de encontrar uma forma melhor de expressar seus sentimentos, tentando alcançar o objetivo de identificar o que está sentindo. É fundamental que pais e filhos aprendam a ser amigos e usem as palavras para resolver seus problemas.
Outro aspecto do pensamento egocêntrico, muito comum é a percepção da criança de que todos os eventos acontecem por causa dela. Uma criança pequena enxerga uma situação a partir de sua perspectiva imediata. Elas têm dificuldades para pensar sobre os eventos que causaram uma situação, ou o que pode acontecer no futuro por causa dela. A compreensão de relações de causa e efeito exige pensamento abstrato e as crianças pequenas ainda estão em um modo muito concreto.
Finalmente, gostaria de terminar esse pequeno texto, trazendo um trecho da pesquisadora e mãe, Siebert (1998) comentando a respeito do que chamou “viagem na infância”. A autora fez um depoimento a respeito do segundo filho que expressa a gratificante experiência materna em relação a essa situação:

É como se a convivência cotidiana com a primeira criança em um embate doce e tenaz ao mesmo tempo – tivesse rachado, roído e enchido de fendas as arquiteturas simbólicas e os materiais do meu universo adulto muito bem feito e, aparentemente, meu Deus, desabar toda a estrutura. Agora estou cansada, no meio dos cacos – mas sinto-me mais viva, menos definida, com uma identidade mais fluida: a criança que existe dentro de mim, graças à cumplicidade com os meus filhos, pôde rebelar-se e invadir as minhas sólidas couraças adultas. P.77

Quis terminar esse texto com esse depoimento para lembrar da imensurável experiência e aventura que é ter filhos, e da importância de ter abertura para o imprevisível constante.
Creio que a relação entre adultos e crianças sofreu várias mudanças e que os estudos a esse respeito têm contribuído para encontrarmos caminhos melhores na construção de relacionamentos mais respeitosos e saudáveis.

REFERÊNCIAS
SIEBERT, Renate. O adulto frente à criança: ao mesmo tempo igual e diferente. In BONDIOLI, Anna. Manual de Educação Infantil: de 0 a 3 anos – uma abordagem reflexiva. Porto Alegre: Artmed, 1998.
MILLER, Karen. Educação Infantil como lidar com situações difíceis. Porto Alegre: Artmed, 2008

Desenvolvimento da Linguagem e da Fala

O desenvolvimento da linguagem e da fala, apesar de intimamente ligados, caminham de certa forma separados. A linguagem é o aspecto mais amplo, ou seja, a capacidade de se comunicar, de compreender e ser compreendido, já a fala é a expressão da comunicação, isto é, a forma como transmitimos as nossas idéias.  


Etapas da Aquisição da Fala 

10 a 14 meses: primeiras palavras do bebê  
18 meses: a fala expressiva possui cerca de dez a vinte palavras concretas  
2 anos: poderá estar usando cerca de duzentas palavras  
2 anos e meio: o vocabulário aumenta muito, sendo capaz de se expressar por sentenças simples  
3 anos: a criança entende a maior parte daquilo que ouve dos adultos, faz uso de novas palavras e sabe fazer uso da linguagem para conseguir o que deseja  
4 anos: já é capaz de pronunciar adequadamente os fonemas de sua língua  

A criança fala conforme o seu meio ambiente. Nesse sentido o papel da família e da escola é fundamental.  

Desenvolvimento dos Fonemas
IDADE / FONEMAS:     
                             18 meses: b, m  
                             2 anos: p, t, d, n  
                          2 anos e meio: k, g, nh  
                             3 anos: f, v, s, z  
                             3 anos e meio: x (ch), j (ge - gi)  
                             4 anos: l, lh, r, rr, s e r intermediários
                    5 anos: aquisição completa  

Quando encaminhar para atendimento fonoaudiológico:

Padrão articulatório apresentado pela criança não corresponde à sua idade cronológica; 
A fala apresenta-se ininteligível; 
A criança apresenta pequenas trocas, porém, lhe causam grande incômodo; 

O que devemos fazer para ajudar:

Não imitar o falar “errado” da criança; 
Quando a criança cometer um erro articulatório, dê a ela o padrão correto sem repetir o erro; 
Não exija da criança uma produção além da esperada para sua idade; 
Propicie o desenvolvimento da fala, deixando que a criança expresse oralmente o que deseja; 
Não use palavras no diminutivo, pois, por serem semelhantes, dificultam sua memorização. 


Patricia Taranto F. de M. dos Santos
Fonoaudióloga/CRFa 10981-R.J.
Responsável  pelo atendimento Fonoaudiológico da Creche Ladybug

www.interpretare.com.br / contato@interpretare.com.br/ Tels: (21) 96624-3753

Bolo (fake) de Chocolate- Parece mas não é! 

Este bolo é tão saudável que nem dá para sentir culpa de comer o segundo pedaço... Fica uma delícia. Testamos a receita na creche e as crianças simplesmente amaram!  Foi o nosso lanchinho na festa da Páscoa e já entrou para o cardápio! 
O nome verdadeiro do bolo é  "Bolo Integral com Linhaça ", mas com esse nome criança nenhuma ia querer provar né ?

Ingredientes
- 200g de margarina
- 2 xícaras de açúcar mascavo
- 2 ovos
- 1 e 1/2 xícara de farinha de trigo integral
- 1 xícara de farinha de trigo
- 1 colher (sopa) de fermento em pó
- 200 ml de leite
- 2 colheres (sopa) "de mãe" de farinha de linhaça, ou, bata as sementes de linhaça no liquidificador.
- 1 colher de aveia em flocos finos.
- 1 colherinha de canela em pó ou canela à gosto.


Modo de Preparo
Bata a margarina com o açúcar até formar um creme. Coloque os ovos, um a um, incorporando-os ao creme. Coloque a farinha, aos poucos, para o creme não perder a leveza. Junte a linhaça, a aveia, a canela em pó e o leite, e bata por 4 min na batedeira ou por 6 min à mão, para que a massa fique homogênea. Junte o fermento e bata mais um pouquinho.
Coloque em uma forma untada e enfarinhada, em forno pré-aquecido a 180º e asse por cerca de 45 minutos. 

http://pt.petitchef.com/receitas/bolo-integral-com-linhaca-fid-339423
MORDENDO PARA CONHECER

Uma coisa muito comum nas turmas de Berçário e Maternal, mas que costuma provocar muita preocupação dos pais,  são as mordidas. Principalmente no período de adaptação, em que, além da maioria das crianças estar vivendo sua primeira experiência social extra-familiar, os grupos estão em fase de formação, de “primeiras impressões” , ou em situações de entrada de crianças novatas, as mordidas quase sempre fazem parte da rotina diária das crianças. Não é fácil lidar com esta situação, tanto para os pais (é muito dolorido receber o filho com marcas de mordida!) , quanto para nós, educadores (que sempre nos sentimos impotentes, incapazes que somos, na maioria das vezes, de impedir que elas aconteçam). 

Se nos dedicarmos a pensar esta questão de forma mais ampla, poderemos nos aproximar de uma compreensão deste fenômeno, do ponto de vista do desenvolvimento e da história da criança. Podemos partir de perguntas simples: 

Por que as crianças pequenas mordem umas às outras e às vezes até a si mesmas? Expressão de agressividade? Violência? Stress? Sentimento de abandono? 

As crianças pequenas geralmente mordem para conhecer. Para elas, tudo que as cerca é objeto de interesse e alvo de sua curiosidade, inclusive as sensações. O conceito de dor, por exemplo, é algo que vai sendo construído a partir de suas vivências pessoais e principalmente sociais, e não algo dado a priori. Mordendo o outro, a criança experimenta e investiga elementos físicos, como sua textura (as pessoas são duras? São moles? Rasgam? Quebram?), sua consistência, seu gosto, seu cheiro; elementos “sexuais” (no sentido mais amplo da palavra), na medida em que morder proporciona alívio para suas necessidades orais (nelas, a libido está basicamente colocada na boca) e ainda investiga elementos de ordem social, isto é, que efeitos que esta ação provoca no meio (o choro, o medo ou qualquer outra reação do coleguinha, a reprovação do educador, etc). Dessas investigações é que será engendrado o conceito de dor, tanto da dor própria (as crianças pequenas muitas vezes mordem também a si mesmas, numa atitude explícita das ações listadas acima) quanto da dor do outro (sentido moral da dor: a constatação de que não é lícito proporcionar dor ao outro, mesmo que os sentimentos – a raiva - assim o indiquem). 

É claro que, vencida esta primeira etapa de investigação, algumas crianças podem persistir mordendo, seja para confirmar suas descobertas ou para “testar” o meio ambiente (disputa de poder, questionamentos de autoridade, etc). Ou ainda, pode ser uma tentativa de defesa: ela facilmente descobre que morder é uma atitude drástica. Raramente a mordida é um ato de agressividade, e muito menos de violência, mas nem por isso devem ser ignoradas ou aceitas pelos pais. As crianças raramente querem simplesmente agredir, a não ser que estejam vivendo alguma situação de intenso stress emocional em que todos os demais recursos estejam esgotados. 

Assim, a mordida é uma conduta que pode ser administrada dentro do grupo: tanto em relação às crianças que mordem quanto àquelas que são mordidas com freqüência. Uma observação importante a fazer é que, por vezes, encontramos crianças que, por um motivo ou por outro dentro de sua história de vida, não só permitem as mordidas como costumam provocá-las. Estas crianças e suas famílias devem receber orientação especial do educador. 

Cabe às famílias compreender este momento do grupo, buscando, se necessário, suporte junto aos profissionais incumbidos de coordenar as vivências grupais. 


O que é importante saber sobre as mordidas:

A partir do primeiro ano de idade, as crianças descobrem que uma mordida pode ser uma arma decisiva para resolver os conflitos entre elas. 
É justamente nessa fase que algumas crianças descobrem que podem usar os dentes para expressar as emoções, seja de raiva, de ciúmes ou simplesmente para fazer um pedido. Nos primeiros anos da infância, também são comuns os tapas e beliscões quando surge uma contrariedade. 
As crianças muito pequenas não têm todos os recursos de linguagem para expressarem o que sentem. As mordidas são instrumentos usados para conhecer os limites dela e a reação do outro. Se as mordidas, no entanto, persistem mesmo quando a criança articula bem as palavras, isso pode ser sinal de preocupação. 
Na escola, descobrem que não são as únicas interessadas nos brinquedos, nem as únicas a receber a atenção da professora. 
Por volta dos dois anos de idade as mordidas se tornam bastante comuns, principalmente na sala de aula. 
A criança não faz isso para machucar, tanto que ela também fica assustada quando o outro começa a chorar. 
Algumas crianças mordem porque percebem que assim recebem a atenção dos pais, os pais devem combater essa prática, com muita persistência, pois apesar da idade elas compreendem o certo e o errado. 
Nunca bata no seu filho se ele morder um amiguinho. Converse com ele, quantas vezes for preciso, sobre outras formas de conseguir o que deseja. 
A criança que morde pode vir a ser rejeitada pelo grupo, por isso, corrija seu filho ao primeiro sinal de agressividade. 
Se seu filho for mordido, nunca o incentive a fazer o mesmo com a outra criança. Mostre que o coleguinha não fez por mal e sugira que ele brinque com outras crianças até que essa fase passe. Não é fácil para a criança aprender a conviver com outras crianças da mesma faixa etária, que também disputam atenção. 


Fonte: 
Cláudia Maria de Morais Souza - Psicopedagogia on line 
Albertina de Mattos Chraim – Psicopedagoga 

Por Adelaide Rezende de Souza


“Birras, Choros e Manhas: como posso tratar esses comportamentos do meu filho?”

Essas são perguntas frequentes que chegam a mim, quando estou conversando individualmente ou em grupo com pais de crianças na faixa etária de 0 a 5 anos.

Estamos falando de formas de construção de limites diante de situações mais tensas correspondentes a uma fase em que a criança começa a se opor a vontade dos adultos que representam autoridade, muitas vezes fazendo birras e choros sem motivo aparente.

As perguntas dos pais envolvem as dificuldades de lidar com a situação e as relações que fazem tentando compreender o que acontece, tais como: - Será que aconteceu algo aqui na creche para que meu filho esteja apresentando resistência para entrar? - Será que eu deveria ter amamentado mais tempo? - Será que estou muito tempo ausente? - O que faço quando minha filha não quer me obedecer?



Ao investigar com os pais mais detalhes das queixas iniciais que provocaram o nosso encontro, após algumas perguntas comecei a perceber que a questão era a mesma: “personalismo”, segundo Henry Wallon é a fase em que a criança inicia a descoberta que ela é uma "persona" e passa a testar os limites e possibilidades de até onde pode ir.

É somente no Estágio do Personalismo, que vai dos três aos cinco anos, que a criança realmente se diferencia do outro, que toma consciência de sua autonomia em relação aos demais. Ela percebe as relações e os papéis diferentes dentro do universo familiar, ao mesmo tempo que se percebe como um elemento fixo, como ser o filho mais velho ou o mais novo, ser filho e irmão, assim por diante.

Uma vez tendo descrito algumas características desse período é importante voltarmos ao título inicial desse encontro “A Construção da Personalidade da Criança”. O que podemos chamar de personalidade? Pois, o senso comum trata esse tema como algo fixo, um conjunto de características prontas, que muitas vezes estão associadas a fatores genéticos e hereditários que pertencem ao indivíduo antes de nascer.

Estou tratando personalidade com o foco em algo que se constrói ao longo da vida de um indivíduo. Assim, a ênfase é para a integração – entre organismo e meio e entre as dimensões: cognitiva, afetiva, e motora na constituição da pessoa. A pessoa é vista como o conjunto funcional resultante da integração de suas dimensões, cujo desenvolvimento se dá na integração de seu aparato orgânico com o meio, predominantemente o social.

É importante pensar a partir dessa ideia que o desenvolvimento humano não é linear, poderá apresentar conflitos e turbulências que refletem a busca por uma constituição singular a partir de uma cultura e de um contexto familiar e escolar especifico.

As formas como as relações sociais irão se estabelecer serão fundamentais para a construção de laços afetivos importantes refletindo maneiras de expressar as emoções. As interações entre adultos e crianças irão refletir a intensidade desses momentos.

...As emoções, são a exteriorização da afetividade(....) Nelas que assentam os exercícios gregários, que são uma forma primitiva de comunhão e de comunidade. As relações que elas tornam possíveis afinam os seus meios de expressão, e fazem deles instrumentos de sociabilidade cada vez mais especializados. (Wallon, 1995, p. 143)

Conduzir os conflitos infantis com calma e paciência, nesse período é essencial e dever do adulto, pois a descoberta de expressões pela criança é um direito dela, pois ainda está buscando sua integração com esse mundo com características culturais próprias e emoções que surgem e provocam comportamentos que ainda tentam compreender como lhe dar.

O carinho e a compreensão são aspectos fundamentais desse momento, pois poderão refletir as formas que a criança irá aprender a reagir a situações semelhantes de desconforto diante dos conflitos interpessoais. Além de marcar características importantes que constituem as relações entre pais e filhos.

É esperado um maior equilíbrio emocional do adulto, pois deverá ser ele o condutor de soluções mais inteligentes e adequadas que não agridam e prejudiquem o relacionamento.

Sei que este é um momento delicado e que nem sempre estamos com a lucidez necessária. É importante compreendermos que no processo de educar os filhos não existe perfeição, mas ao mesmo tempo é importante ressaltar o comprometimento verdadeiro, pois educar é um processo longo, continuo e constante em que a qualidade dos pequenos momentos, refletirá o desejo do adulto de estar nesse lugar.

Finalizo ressaltando que toda criança se constitui como sujeito a partir do olhar de alguém, seja ele, de amor, compreensão e carinho, ou, raiva, ausência e impaciência. Serão olhares diferentes, que constituirão sujeitos diferentes. A responsabilidade de cada um é grande e muitas vezes, se não for bem conduzida poderá produzir marcas irreversíveis.

Cada momento da vida apresenta necessidades específicas, mas a necessidade de amor e compreensão é de todos os seres humanos ao longo de toda a vida.

REFERÊNCIAS
WALLON, Henri, (1975). Psicologia e Educação da Infância. Lisboa: Estampa.

Adelaide Rezende Psicóloga, Mestra em psicologia e especialista em Saúde Mental e Desenvolvimento Infantil e do Adolescente. Atualmente é professora titular do curso de Pedagogia da Universidade Estácio de Sá. Pesquisadora do ILTC desde 2009 (Instituto de Lógica, Filosofia e Teoria da Ciência). Psicóloga - Creche Escola Ladybug. Coordenadora do projeto Brinquedoteca: espaço de formação, pesquisa e extensão (UNESA). Coordena Oficinas de Atividades Lúdicas em escolas da rede municipal do RJ (projeto segundo turno cultural - Secretaria de Cultura/ILTC). 3