Divergência entre os pais na educação dos filhos
Por: Adelaide Rezende de Souza
A tarefa de educar os filhos é marcada principalmente, por duas grandes características, pela sua complexidade e duração no tempo, pois mesmo depois de adultos, os filhos continuam pensados por seus pais como alguém que os preocupa em algum aspecto.
O processo de educar é longo e quando compartilhado enfrenta o grande desafio da busca do equilíbrio e da harmonia, principalmente diante das discordâncias.
Ao iniciar esse texto fiquei brincando de pesquisar as origens de algumas palavras que tivessem relação com essa temática, tais como: educação, filhos, casal, casamento... E o interessante é que ao encontrar a origem etimológica da palavra casamento, fiz algumas relações que ajudam em algumas reflexões, pois como é possível perceber: “casamento” vem do L. CASAMENTUM, “terreno com uma habitação instalada”, que é o primeiro passo para se poder ter uma relação boa no casal, evitando confusão com as famílias .http://origemdapalavra.com.br/site/palavras/casamento/>
Chamou-me a atenção a palavra “instalada”, fiquei associando esse termo ao que já está “instalado” em cada um como indivíduo ao casar; suas percepções, histórias familiares, valores, tradições. Tudo isso são aspectos que nos constituem e carregamos para as nossas relações. No trecho a palavra aparece associada a habitação, e como condição necessária, imprescindível. No casamento acho que também é assim.
Penso que as características individuais, já instaladas, e bem instaladas, são fundamentais para o matrimônio, pois ao reconhecermos as diferenças e aprendermos a respeitá-las, nos resta a flexibilidade e o respeito diante das divergências que são muito comuns em virtude das idiossincrasias de cada um.
Por um lado é necessário que uma criança perceba que mesmo pensando diferente, seus pais são capazes de viver juntos e em harmonia, quando não concordam.
Diante de situações em que os dois integrantes do casal acreditam piamente que seu modelo de criação é o mais adequado e deve ser seguido, dependendo da forma como lidam com essas desavenças, a criança pode ser beneficiada ou prejudicada em seu desenvolvimento. Como ressalta Gailewitch:
A divergência entre pai e mãe pode ser altamente positiva. Para a criança, é saudável perceber que as pessoas às quais mais ama no mundo possuem pontos de vista distintos – e ainda assim continuam morando juntas. É de supor que ela também possa ter o direito de discordar, o que é fabuloso para a construção da individualidade. (http://veja.abril.com.br/090200/p_118.html).
A partir da abordagem da autora, é possível destacar que os conflitos são inevitáveis e podem ser bem vindos, a questão é a forma como lidamos com as diferenças. O respeito é fundamental, e conseguimos respeitar o outro quando mantemos o controle emocional e percebemos que a diferença não nos ameaça, e inclusive pode ampliar o ponto de vista.
Quando os pais não se dão bem, é fácil fazer comentários negativos sobre o outro na frente do filho, esse comportamento acaba refletindo em uma auto-estima baixa da criança e sentimentos de impotência. Situações de brigas do casal ocorrendo com bastante frequência, causam estresse e dificuldades de relacionamento na criança, além de vir a desenvolver um sentimento de culpa pela discórdia familiar.
A capacidade de respeitar os argumentos do outro, mesmo sem concordar, será uma bela lição para a criança perceber que poderá se expressar no futuro, com segurança e também fazer suas próprias escolhas, em situações em que a sua opinião venha a divergir dos demais.
Muitas vezes a rotina de cuidados de uma criança é exaustiva, pois envolve cuidados alimentares, higiênicos, escolares, e muitas vezes essas ações ficam sob a responsabilidade da mãe, sendo fonte de grandes conflitos. Nesse aspecto o casal precisa ter clareza de que a criação do filho não pode ser pretexto para as tradicionais desavenças entre marido e mulher. A divisão de papeis deve ser bem construída e respeitada por ambos.
Educar envolve vários aspectos: formação religiosa, escolarização, cuidados médicos, físicos e emocionais. A melhor maneira dos pais ajudarem seus filhos é tentar fazer adaptações positivas, tentar se dar bem, serem civilizados na presença da criança e evitar se criticar com frequência.
É importante lembrar que as crianças por serem egocêntricas e acreditarem que tudo acontece por elas e para elas, podem sentir que são responsáveis pela briga dos pais. E carregar uma culpa que irá atrapalhar seu desenvolvimento e que não pertence a elas.
Outro aspecto importante é que as crianças muitas vezes imitam as atitudes das pessoas que as rodeiam, as que presenciam muitos conflitos e discussões, possuem mais probabilidade de tornarem-se fisicamente agressivas.
Portanto, é importante lembrar que o medo ou a raiva ao ser criticado pelo seu par não deve atrapalhar o diálogo constante e o desejo de fazer o melhor possível para oferecer uma boa educação ao seu filho. É fundamental o respeito e a aceitação das diferenças.
REFERÊNCIAS
Meus pais não se entendem. De Gailewitch, Monica. Em: (http://veja.abril.com.br/090200/p_118.html). acesso em: 25 de junho de 2014.
Wikipédia, a enciclopédia livre. Em:
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