Bate Papo com Psicóloga Adelaide RezendeProfessora da Universidade Estácio de Sá (graduação e pós-graduação), psicóloga (UFPA), especializada em saúde mental e desenvolvimento infantil e do adolescente (SCMRJ), com mestrado em psicologia e teoria do comportamento UFPA), pesquisadora do ILTC, Psicóloga da Creche Ladybug e consultora de creches. Ministra cursos na área da infância e do brincar., coordenadora do projeto Brinquedoteca - estudo, pesquisa, arte, educação e cultura. Atualmente, coordena oficinas de atividades lúdicas em oito escolas da rede municipal do Rio de Janeiro parte integrante do projeto segundo turno cultural da Secretaria de Cultura do Município do Rio de Janeiro.
No dia 10 de maio oferecemos a oportunidade para as famílias dos alunos conversarem sobre birras, sexualidade, jogos e quaisquer outras dúvidas relacionadas a edução e criação de seus filhos. Também foi possível acompanhar a conversa e enviar peguntas via twitter, mas como foi um bate papo e os assuntos iam e voltavam pode ter ficado um pouco confuso. Decidimos tentar resumir, organizar e divulgar o que foi falado para quem não pode nos acompanhar na escola ou online.
RELAÇÃO MÃE E FILHO
A psicóloga Adelaide, falou sobre a relação simbiótica entre mãe e filhos. As mães, geram a criança, cuidam dela, a angústia que envolve o educar e se desprender dos filhos é natural. Cabe às mães e pais controlar a emoção em momentos difíceis como a birra para conseguir educar de forma afetiva e efetiva.
BIRRA
Uma mãe perguntou sobre birra e como lidar com ela. Logo diversas outras mães levantaram questões relacionadas a birra.
Adelaide explicou que a birra tem ênfase mais forte a partir dos 3 anos, quando a criança entra na fase opositora. A criança por volta dos 3 anos começa a perceber que ela e a mãe não são um ser único e começa a se opor a tudo como forma de auto afirmação. Nesta fase a famosa psicologia reversa funciona muito bem. Por exemplo, a mãe precisa que o filho calce o sapato, ela deve dizer “Aqui estão estes 3 sapatos, não calce!” A criança logo irá calçar um.
Com a birra é sempre importante os adultos controlarem suas emoções e manterem a paciência. Ao controlar as emoções o adulto conseguirá raciocinar melhor para criar uma saída criativa para aquela situação.
BIRRA NA RUA
Uma mãe questiona sobre o controle na rua e como manter o controle nesta situação.
Adelaide indicou ter uma conversa e fazer combinados antes da saída. Na rua a criança deve cumpri-los ou perderá direitos. Se possível retire a criança do local. A birra também aumenta com a platéia.
Seja coerente. Se falar, “caso não cumpra o combinado não poderá entrar nesta loja” e a criança não seguir a retire da loja. Converse e diga que só poderá ir lá com você quando souber se comportar.
“MÃE, VOCÊ TEM UMA OPINIÃO EU TENHO OUTRA!” criança de 4 anos
A psicóloga primeiro parabenizou a mãe pois a criança está articulando as palavras muito bem, mas neste momento é preciso mostrar autoridade. É possível ter autoridade com respeito, amor e diálogo. A criança precisa reconhecer a autoridade dos pais.
“MEU FILHO INTERROMPE TODAS AS MINHAS CONVERSAS”
Adelaide diz “Fale para o seu filho, agora é a vez do fulano falar, depois será a sua vez”. Será necessária repetição e coerência no diálogo e tempo para criança aprender isto.
“MEU FILHO É UM ANJO NA RUA”
Mãe perguntou sobre esta crença e se é verdade. A psicóloga explicou que sim pois a criança extravaza suas emoções com quem tem mais intimidade.
A mesma mãe relatou que seu filho uma vez agiu de forma diferente e, em casa foi um amor, mas na escola machucou adultos e crianças. A psicóloga, com aval da mãe, explicou o ocorrido. A criança após uma grave crise de asma ouviu da médica “Você não pode chupar o dedo ou terá novas crises”.
A criança em casa se controlou e comportou-se bem. No dia que foi para a escola ela machucou alguns adultos e crianças. Quando conversamos com a mãe entendemos que a criança estava nervosa, pois estava passando realmente por uma crise de abstinência pela ausência de chupar o dedo.
Adelaide aproveitou e perguntou “Quem não ficaria nervoso passando por uma crise de abstinência?” nos mostrando a importância de se colocar no lugar da criança. Em muito pouco tempo tudo se normalizou.
SEXUALIDADE
Mães falaram sobre a dificuldade em lidar com a descoberta do desejo por parte dos filhos. Alguns se masturbam se esfregando em objetos, querem se esfregar na perna das mães, outros querem ver e tocar nos seios...
A mãe pode até mostrar os seios, por exemplo, mas não deve deixar tocar. Converse com a criança. Os pais devem ensinar a criança que tudo tem seu momento e local. Explicar que não deve ser feito em público e ainda ensinar que o excesso pode machucar.
Sexo não deve ser tratado como algo feio, sujo ou proibido para evitar traumas. A proibição só levará a criança a fazer ainda mais vezes e sem o conhecimento dos pais.
Os pais podem desviar o foco para outra atividade sem reprimir a crianças.
“VIDEOGAMES SÃO SAUDÁVEIS?”
O videogame não deve ser bengala, sem ser bengala pode ser saudável sim.
É importante saber que esta é a nova realidade da sociedade em que nossos filhos viverão. Aos pais cabe apresentar outros estímulos como livros, brinquedos, passeios. A criança não deve viver somente entre tv, computadores e videogames.
ALIMENTAÇÃO
Muitas mães ficam tensas e a criança se alimentar bem tem sido um dos maiores motivos de preocupação das mães.
A mãe deve se controlar para não ficar tensa, pois isto será transmitido para criança. O momento da refeição deve ser prazeroso para criança e os demais para que ela se alimente bem. O cardápio deverá ser o mesmo para toda família.
Adelaide nos lembrou que as crianças são mais seletivas com os pais, na escola existe também a vantagem de ver os amigos se alimentando de verduras, legumes e frutas.
“GÊMEOS DEVEM ESTUDAR NA MESMA SALA?”
Não! É inevitável que os demais, principalmente os adultos os comparem e isto não será posititvo para as crianças. A separação não é pela forma como eles agiriam, mas pela pressão que poderiam sofrer através de comparações.
“MEU QUER FAZER DIVERSAS BRINCADEIRAS AO MESMO TEMPO OU AS TROCA COM FREQUÊNCIA. ELE É DISPERSO?”
Não! A capacidade de concentração cresce aos poucos acompanhando o domínio da linguagem. É normal.
“DEVO GUARDAR TODOS OS BRINQUEDOS RECICLADOS QUE ELE CRIA NA ESCOLA? MESMO BOLINHAS DE PAPEL?”
Sim! Uma opção é perguntar para seu filho onde você quer guardar o seu brinquedo? A grande maioria das crianças possui quarto próprio e deve poder se apropriar deste espaço. Se o quarto tem espaço para os brinquedos, por que não os que a criança cria?
A criança possui vínculo emocional com o brinquedo que construiu. Ela dará valor maior ao brinquedo construído por ela do que ao comprado.
CONSUMO
Adelaide aproveitou a pergunta anterior para falar sobre consumo. “Antigamente a criança mais popular era a que corria mais, a que era mais hábil em algo, hoje é a que possui determinado jogo ou mochila. Um filho hoje é mais “caro” do que seis filhos de antigamente. Precisamos desvincular a criança saudável do TER, do consumo. Levem seus filhos à parques, praias, museus... principalmente locais onde interajam com outras crianças. Onde poderão resolver seus conflitos e encontrar soluções de forma independente. Shopping não é local de passeio.”
Dicas Gerais
- A conversa com a criança deve ser simples e curta para que ela seja capaz de compreender. Não alongue mais do que o necessário.
- Para educar é preciso querer estar neste papel. Educar exige amor, doação constante, muita paciência, diálogo, repetição e coerência.
- Educar é se colocar no lugar da criança. Se colocar no lugar da criança é também entender que ela, assim como os adultos, sente raiva, ciúmes, inveja, mas ainda está aprendendo a lidar com estes sentimentos.
- Ter diálogo com os filhos não significa permitir tudo. A criança precisa reconhecer a autoridade dos pais. Antigamente as crianças jamais participavam de um diálogo e isto não era bom. É preciso buscar o que tivemos de positivo na forma como fomos educados para encontrar o meio termo.
- Nunca diga “engole o choro, “seu mal criado” Isto não tem significado algum para criança. Seria melhor falar “Você é uma criança tão legal. Por que está sendo chato agora?”
É importante nunca taxar a criança de feio, desobediente, etc Ela irá absorver, acreditar e agir como tal. Reforce o positivo e terá bons resultados. Reforce o negativo e receberá o negativo em troca.
Dúvidas
Ainda tem alguma dúvida sobre os assuntos acima? Nos envie suas perguntas e opiniões!
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