Esta data foi estabelecida em 1990, durante uma conferência da International Toy Library Association, ITLA (Associação Internacional de Brinquedotecas). Para o ITLA, a razão de promover o Dia do Brincar é enfatizar a importância das brincadeiras para todas as pessoas, especialmente para as crianças.
Ao brincar, as crianças aprendem a falar, fazer amigos e ainda se exercitam. Também começam a desenvolver habilidades, como concentração, imaginação, auto-expressão, além de adquirir conhecimento. Além disso, as brincadeiras colocam as pessoas em contato, promovem a interação.
Outro aspecto importante é que a brincadeira faz parte do patrimônio imaterial da cultura humana, pertence à memória de todos e é um elo constitutivo da singularidade de cada sujeito. Vale destacar que por sua importância os jogos tradicionais acabam sendo um dos indicadores de conhecimento da história da humanidade, pois sempre refletiram os valores e as organizações conquistadas pelos grupos humanos.
Na infância ganha uma importância imensurável, pois significa uma espécie de passaporte de entrada da criança na organização social ao qual pertence.
Brincar na Educação Infantil é um comportamento reconhecido como legitimo e necessário, que garantirá uma organização mental saudável quando acontece diante de condições adequadas.
Contudo, há uma questão que devemos pensar, pois se atualmente existe a necessidade de organizarmos um dia ou uma semana, em diferentes locais do planeta, para lembrar e garantir a importância do brincar, talvez no cotidiano, esse aspecto reflita que NÃO ESTAMOS LEVANDO O BRINCAR A SÉRIO? De um lado, a criança hoje nasce em um mundo mais rápido e ela também irá transformar-se com mais rapidez. Ela é considerada cidadã de direitos em nosso país, e entre os seus direitos existe a garantia de uma infância plena, através da oportunidade de viver momentos de brincadeiras.
Por outro lado as crianças nascem em uma sociedade que é marcada pelo consumo. Em certas ocasiões troca-se afetividade por produtos descartáveis e dispensáveis para uma vida feliz. Hoje é muito maior o custo de vida de uma criança em comparação a momentos anteriores, novos produtos são criados a cada minuto e tornam-se fundamentais para muitas famílias.
Esse aspecto interfere diretamente na cultura lúdica e na forma como a criança brinca. A criança se apropria da cultura em que está inserida a partir do momento em que começa a brincar, pois brincando ela pode imitar o que vê acontecer no mundo adulto. Brincando ela faz pequenos ensaios de um mundo marcado por papéis sociais e representações culturais que são experimentadas através de pequenos brinquedos que imitam os objetos de sua realidade.
Atualmente, a criança nasce em um ambiente, onde terá facilidade em brincar com o computador, usar a internet, ou o celular percebendo-os como objetos comuns e fáceis de serem manipulados, enquanto que alguns adultos mais velhos têm grandes dificuldades para experimentar esses objetos.
Sobre esse aspecto é importante considerar que a criança será sempre reflexo da sociedade em que está inserida e das técnicas conquistadas pela coletividade. Ao perceber que cultura não é algo pronto, mas representa um processo em constante transformação, supor que a brincadeira e o jogo sejam espelhos dessa cultura tem um grande significado.
A criança ao mesmo tempo que dá vida aos objetos e controla o tema de suas brincadeiras, também tem suas brincadeiras influenciadas por temas que representam aspectos da cultura a que pertencem.
Mudanças na sociedade marcam a vida das crianças em vários aspectos e o brincar não está fora disso. De uma forma geral, podemos dizer que com relação aos brinquedos, as crianças nunca tiveram tantas ofertas diversificadas, pois a indústria de brinquedos cotidianamente lança novos brinquedos para consumo. Nesse ponto podemos afirmar que a cultura lúdica foi ampliada.
Contudo, com relação ao tempo e espaço de brincar há um paradoxo em relação a afirmação acima, pois o que vemos é uma perda do tempo e espaço para a brincadeira de grupo, principalmente, nos grandes centros urbanos.
Além dos perigos já mencionados acima, outro aspecto que influencia a respeito da perda de tempo e espaço para a brincadeira livre é a visão de infância como preparação para a vida adulta. São oferecidas para as crianças uma grande quantidade de tarefas que fazem com que semelhante a momentos históricos anteriores, elas sejam novamente tratadas como mini-adultos, pois muitas vivem tão atoladas de atividades quanto um adulto.
E o brincar como tradicionalmente foi associado como atividade oposta a aprender ou trabalhar: “Quem brinca mais é quem não tem o que fazer!” Foi sendo excluído da vida da criança. Especialmente, as brincadeiras populares, pois as brincadeiras de ruas ou populares não tem fins lucrativos e nenhum valor de consumo.
Enfim, pensando em todos os aspectos citados nesse texto e por acreditar que BRINCAR É COISA SÉRIA, a Creche LadyBug em parceira com a Universidade Estácio de Sá – Projeto Brinquedoteca, estudo, pesquisa e extensão convida as crianças, seus familiares e a comunidade geral para um dia de brincadeiras, trocas de brinquedos e reflexões sobre o brincar.
Venham e convidem os amigos para brincar e trocar ideias sobre esse assunto tão importante para a infância e para toda a humanidade!
Dia 8 de Junho, sábado! Marque na agenda! Em breve detalhes sobre o evento!
Texto acima foi escrito por nossa psicóloga Adelaide Rezende de Souza
em Psicologia (Psicologia - Teoria e Pesquisa do Comportamento) pela Universidade
Federal do Pará (1999) e especialização em Saúde Mental e Desenvolvimento Infantil e
do Adolescente pela Santa Casa de Misericórdia - RJ (2007).
Pesquisadora do ILTC desde 2009 (Instituto de Lógica, Filosofia e Teoria da Ciência).
Psicóloga - Creche Escola Ladybug.
Coordenadora do projeto Brinquedoteca: espaço de formação, pesquisa e extensão (UNESA).
Coordenadora das Oficinas de Atividades Lúdicas em escolas da rede municipal do RJ (projeto segundo turno cultural - Secretaria de Cultura e Educação).